Contas públicas têm piora de quase R$ 260 bilhões até novembro, aponta Banco Central | Economia | G1

Contas públicas têm piora de quase R$ 260 bilhões até novembro, aponta Banco Central
Contas públicas têm piora de quase R$ 260 bilhões até novembro, aponta Banco Central

Contas públicas têm piora de quase R$ 260 bilhões até novembro, aponta Banco Central

Aumento do rombo está relacionado à alta das despesas e ao recuo da arrecadação. Dívida pública registrou aumento de 2,1 pontos na parcial do ano, para 73,8% do PIB.

Por Alexandro Martello, g1 — Brasília

05/01/2024 08h44 Atualizado 05/01/2024

As contas do setor público consolidado registraram um déficit primário de R$ 119,55 bilhões nos 11 primeiros meses do ano passado, informou o Banco Central nesta sexta-feira (5).

No mesmo período de 2022, as contas públicas haviam registrado um superávit de R$ 137,8 bilhões, ou 1,5% do PIB.

A piora, no acumulado de 2023, portanto, foi de R$ 257,36 bilhões.

O déficit primário acontece quando as despesas com impostos ficam acima das receitas, desconsiderando os juros da dívida pública. Quando acontece o contrário, há superávit. O resultado engloba o governo federal, os estados, municípios e as empresas estatais.

O saldo negativo parcial representa o pior resultado para o período desde 2020, quando, no início da pandemia da Covid-19, o governo elevou gastos com benefícios para a população. De janeiro a novembro daquele ano, o rombo nas contas públicas somou R$ 651,11 bilhões.

Veja abaixo o desempenho que levou ao saldo negativo das contas públicas até novembro de 2023:

  • governo federal registrou déficit de R$ 137 bilhões;
  • estados e municípios tiveram saldo superavitário de R$ 20,7 bilhões;
  • empresas estatais apresentaram déficit de R$ 3,21 bilhões.

Somente em novembro, as contas públicas registraram um resultado negativo de R$ 37,27 bilhões, contra um saldo negativo de R$ 20,9 bilhões no mesmo mês de 2022.

Alta de gastos e arrecadação

O aumento do rombo nas contas públicas no primeiro ano da nova gestão está relacionado, principalmente, com a alta das despesas autorizada por meio da PEC da transição, aprovada no fim de 2022 pelo governo eleito do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Com a mudança, o governo obteve autorização para gastar R$ 168,9 bilhões a mais no ano passado.

Parte do valor foi usado para tornar permanente o benefício de R$ 600 do Bolsa Família. Também foram recompostos gastos em saúde, educação e bolsas de estudo, entre outras políticas públicas.

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Para tentar evitar uma piora maior das contas públicas, a equipe econômica tem atuado, principalmente, no aumento de arrecadação. Com esse objetivo, foram aprovadas as seguintes medidas:

Apesar das medidas, a arrecadação federal caiu na parcial de 2023 pela demora na aprovação das medidas, e também por conta do recuo de receitas não recorrentes – relacionadas com concessões, "royalties" e PIS/Cofins por conta da queda no preço do petróleo, entre outros.

O governo também aprovou no ano passdo o novo arcabouço fiscal, ou seja, as regras para as contas públicas em substituição ao teto de gastos. O objetivo é voltar a ter contas no azul a partir deste ano, meta considerada ousada pelo mercado financeiro.

Apesar dessas iniciativas, economistas têm criticado a ausência de ações mais concretas por parte da área econômica para cortar gastos públicos. O governo tem prometido que cortes de despesas também serão avaliados.

Dívida pública

A dívida do setor público consolidado registrou alta de 0,5 ponto percentual do PIB, passando de 73,7% do PIB em outubro para 73,8% do PIB em novembro – o equivalente a R$ 7,97 trilhões.

Na comparação com o final de 2022, quando a dívida estava em R$ 7,22 trilhões, ou 71,7% do PIB (dado atualizado), houve uma alta de 2,1 pontos percentuais.

O reequilíbrio das contas públicas é considerado importante pelo mercado financeiro para evitar uma disparada da dívida brasileira – indicador que é acompanhado com atenção pelas agências de classificação de risco.

Dívida Bruta % em relação ao PIB Fonte: Banco Central

Mesmo com o arcabouço fiscal, os analistas do mercado financeiro estimaram, no mês passado, que a dívida pública brasileira deve atingir 90% do PIB em 2032.

Segundo o Tesouro Nacional, suas estimativas indicam que, com as novas regras para as contas públicas, a dívida se estabilizará abaixo de 80% do PIB até 2026 e continuará sua trajetória queda nos anos seguintes.

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