1 de 1 Cédulas de dólar — Foto: John Guccione/Pexels
Cédulas de dólar — Foto: John Guccione/Pexels
O dólar opera em alta nesta quarta-feira (15), com investidores voltando a temer pressões do governo de Luiz Inácio Lula da Silva por alterações na meta de inflação do país e redução no nível dos juros.
Às 9h03, a moeda norte-americana subia 0,23%, cotada a R$ 5,2093. Veja mais cotações.
No dia anterior, a moeda norte-americana avançou 0,41%, cotada a R$ 5,1974. Com o resultado, a moeda passou a acumular alta de 2,45% no mês. No ano, entretanto, ainda tem queda de 1,53%. Na semana, o recuo é de 0,47%.
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O que está mexendo com os mercados?
Roberto Campos Neto nega atuação política na presidência do Banco Central
Os ativos brasileiros têm sido abalados pela tensão institucional entre governo e Banco Central nos últimos dias, após críticas do presidente Lula e aliados à atuação da autoridade monetária e ao nível dos juros no país. Depois dos ataques, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, fez um aceno ao petista na terça-feira ao afirmar que é justo o Executivo questionar o patamar elevado dos juros e que é trabalho do Banco Central esclarecer e melhorar a comunicação em meio a esse debate.
Agora, o mercado fica à espera da primeira reunião no novo governo do Conselho Monetário Nacional (CMN), na quinta-feira, em meio à possibilidade de que sejam discutidas mudanças para elevar as metas de inflação.
Perguntado se haverá debate sobre os objetivos de inflação na reunião do CMN, Campos Neto disse na terça-feira que será preciso aguardar para ter essa resposta, ressaltando que a prerrogativa de pautar e definir o tema é do governo.
Especialistas consideram que, se o BC concordar com alterações na meta da inflação – principalmente na primeira reunião do ano -, o ato poderia ser interpretado como fraqueza da instituição diante da pressão do presidente Lula, que vem reclamando do atual patamar da Selic em 13,75% ao ano.
Lula teria avisado à equipe econômica que quer um aumento de 1 ponto percentual na meta de inflação de 2023, atualmente em 3,25%, e a redução da Selic para um patamar próximo de 12% até o fim do ano.
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No exterior, dados da terça-feira mostraram que os preços ao consumidor nos Estados Unidos aceleraram em janeiro na comparação com o mês anterior, embora o aumento anual tenha sido o menor desde o final de 2021.
Pedro Paulo Silveira, diretor de gestão de recursos da Nova Futura Gestora, comentou que a inflação ainda pressionada nos EUA "coloca para os investidores a possibilidade bastante razoável de nós termos mais duas altas (de juros) nas próximas reuniões do Fed", o que "de fato muda um pouco a perspectiva que nós tínhamos até a semana passada" e ajuda a explicar a piora nos mercados tanto internacionais quando domésticos.
Juros mais altos nos Estados Unidos elevam a rentabilidade dos títulos públicos do país, que são considerados os mais seguros do mundo. Isso favorece o dólar frente a outras moedas e impacta principalmente países emergentes, como o Brasil.