Indicadores apontam ritmo de crescimento aquém do esperado, diz presidente do BC | Economia | G1

Indicadores apontam ritmo de crescimento aquém do esperado, diz presidente do BC
Indicadores apontam ritmo de crescimento aquém do esperado, diz presidente do BC

Indicadores recentes apontam ritmo de crescimento da economia brasileira “aquém do esperado”, afirmou nesta segunda-feira (8) o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, em Porto Alegre (RS). Ele participou do Fórum da Liberdade, e seu discurso foi divulgado pela assessoria de imprensa da instituição.

“Não obstante, a economia brasileira segue em processo de recuperação gradual”, acrescentou ele. De acordo com Campos Neto, diversos choques que atingiram a economia ao longo de 2018 e “produziram efeitos que persistem mesmo após cessados seus impactos diretos”.

O PIB é a soma de todos os bens e serviços feitos no país, independentemente da nacionalidade de quem os produz, e serve para medir o comportamento da economia brasileira.

Em 2018, o PIB brasileiro cresceu 1,1%, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O desempenho da economia brasileira no ano foi decepcionante diante das expectativas iniciais. Entre os fatores que influenciaram esse resultado, está a greve dos caminhoneiros.

Para este ano, o BC estima uma alta de 2% no PIB, mas o mercado financeiro previu, na semana passada, uma expansão um pouco menor: de 1,97%.

O presidente do Banco Central também manteve em 3,9%, e em 3,8%, as estimativas de inflação para 2019 e para 2020 no cenário de mercado (com juros e câmbio estimados pelas instituições financeiras para esse período).

Definição da taxa de juros

As estimativas do BC para o Produto Interno Bruto e para a inflação ajudam a instituição na definição da taxa básica de juros, atualmente na mínima histórica de 6,5% ao ano.

A definição da taxa de juros pelo BC tem como foco o cumprimento das metas de inflação, fixadas todos os anos pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).

A principal missão do Banco Central é controlar a inflação, tendo por base o sistema de metas. Para este ano, a meta central de inflação é de 4,25%, podendo oscilar entre 2,75% a 5,75%, e, para 2020, é de 4% – com intervalo de tolerância de 2,5% e 5,5%.

Quando as estimativas para a inflação estão em linha com as metas, o BC reduz os juros; quando estão acima da trajetória esperada, a taxa Selic é elevada.

Riscos para a inflação

Apesar de o ritmo de crescimento da economia estar “abaixo do esperado”, o que atua no sentido de conter a inflação, o presidente do BC também avaliou, em seu discurso, que há outros fatores que podem pressionar os preços em sentido contrário, para cima.

“Por um lado, o nível de ociosidade elevado pode produzir trajetória prospectiva abaixo do esperado. Por outro lado, uma frustração das expectativas sobre a continuidade das reformas e ajustes necessários na economia brasileira pode afetar prêmios de risco e elevar a trajetória da inflação no horizonte relevante para a política monetária [definição dos juros]”, declarou.

Com isso, ele acrescentou que o “balanço de riscos para a inflação mostra-se simétrico”. “A conjuntura econômica com expectativas de inflação ancoradas, medidas de inflação subjacente em níveis apropriados ou confortáveis, projeções que indicam inflação em direção às metas para 2019 e 2020”, afirmou Campos Neto.

Recentemente, por meio da ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), o BC informou que julga importante “observar o comportamento da economia brasileira ao longo do tempo” e acrescentou que “esta avaliação demanda tempo e não deverá ser concluída a curto prazo”. Com isso, indicou juros estáveis nos próximos meses.

A expectativa do mercado financeiro, coletada na semana passada, é de que os juros permaneçam em 6,5% ao ano até maio do ano que vem, quando começariam a subir, terminando 2020 em 7,5% ao ano.