Trilha de Finanças do G20 chega ao fim, sem consenso para comunicado por questões geopolíticas | Economia | G1

Trilha de Finanças do G20 chega ao fim, sem consenso para comunicado por questões geopolíticas
Trilha de Finanças do G20 chega ao fim, sem consenso para comunicado por questões geopolíticas

Trilha de Finanças do G20 chega ao fim, sem consenso para comunicado por questões geopolíticas

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, informou a decisão do grupo em coletiva à imprensa nesta quinta-feira (29).

Por Isabela Bolzani, g1

29/02/2024 18h48 Atualizado 29/02/2024

1 de 1 Fernando Haddad, ministro da Fazenda, discursa na abertura do segundo dia de trabalhos do G20, em São Paulo — Foto: Diogo Zacarias/MF

Fernando Haddad, ministro da Fazenda, discursa na abertura do segundo dia de trabalhos do G20, em São Paulo — Foto: Diogo Zacarias/MF

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta quinta-feira (29) que as reuniões entre ministros de finanças e presidentes de bancos centrais de vários lugares do mundo no G20 acabaram sem consenso para um comunicado oficial do grupo.

Segundo Haddad, o motivo para a falta de consenso foi o impasse visto entre os países do grupo sobre os conflitos geopolíticos que estão em curso atualmente pelo mundo. O ministro, no entanto, não detalhou quais foram esses impasses.

"Nós havíamos nutrido a esperança de que temas mais sensíveis e relativos à geopolítica fossem debatidos exclusivamente nas trilhas diplomáticas. […] Mas como não se chegou, na semana passada, uma redação em comum, isso acabou contaminando o estabelecimento de um consenso da nossa [reunião]", disse em coletiva a jornalistas.

O ministro ainda afirmou que, apesar da falta de consenso sobre temas geopolíticos, as propostas sugeridas pelo Brasil foram bem aceitas pelo grupo. Ele destacou que o debate sobre a cooperação tributária internacional tem "avançado muito".

"Ninguém se manifestou contrariamente à proposta [feita pelo Brasil de tributação de riquezas]. O que houve foi uma parte [dos países] querendo focar exclusivamente na discussão sobre os pilares um e dois [da OCDE] antes de abrir uma nova perspectiva de debate", disse.

O pilares mencionados pelo ministro são parte de agenda de cooperação tributária internacional que já está em discussão na Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE).

O acordo da organização, denominado Imposto Mínimo Global prevê dois pilares. O primeiro é voltado para distribuir os direitos de tributação internacional entre os países, enquanto o segundo estabelece o recolhimento de pelo menos 15% do imposto sobre a renda de grupos multinacionais que possuam um volume de negócios global anual superior a 750 milhões de euros.

"Nós esperamos que até o final do ano as discussões sobre os pilares um e dois tenham sido concluídas", afirmou.

Por fim, Haddad reiterou que ainda não há nenhuma orientação sobre quais devem ser os moldes de uma possível nova tributação sobre bilionários e que ainda não há perspectiva de prazo para implementação.

"No contexto internacional, isso funciona muito lentamente. Você exerce a legitimidade do que você tem ao presidir e o tema ganha tração mais ou menos em função do interesse do grupo. Não dá para prever agora", explicou o ministro, destacando que, nesse caso, as discussões ligadas ao combate da desigualdade foram melhores recebidas pelos países do G20.

"Obviamente o tema da desigualdade foi melhor recebido porque há mais consenso de que é um problema grave e que tem que ser enfrentando globalmente. […] Mas o Brasil fez desse tema [da justiça tributária internacional] um tema importante e traremos novas contribuições de pessoas especializadas", completou o ministro.

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